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Mar das Ilhas é uma exposição que se reparte por diferentes espaços da cidade e se desdobra em vários sentidos. As obras apresentadas aparecem como vestígios de um percurso, fruto de uma transformação contínua, numa exposição que representa, simultaneamente, um final e um começo.

O Mar das ilhas foi uma lagoa de águas salgadas, considerada uma das maiores do mundo. Devido ao desvio das águas para projetos agrícolas, a lagoa secou. Atualmente, existem apenas vestígios daquilo que era, daquilo que albergava. O Mar das ilhas representa uma amostra trágica da degradação dos ecossistemas causada pela intervenção humana, devastadora para as comunidades e economia local. Mar das ilhas é, aqui, o ponto de partida para se falar da urgência atual, para se procurar soluções e pensar em medidas que evitem que estas tragédias ecológicas se repitam. “O que podemos fazer?” é a pergunta que se impõe. Como podemos travar a imparável lógica de espoliação da Natureza? São perguntas que poderíamos fazer a partir das obras que agora se expõem.

O título desta exposição remete-nos, ainda, para os vestígios deixados pelos jovens artistas que, concluindo o seu percurso como estudantes de Artes Plásticas e Tecnologias Artísticas, vêem o futuro como uma nova página a ser desenhada, uma tela a ser pintada, um bloco a ser esculpido. O conjunto das obras apresentado dá lugar a uma experiência heterogénea, propõe-nos um “passeio” que nos desafia a encontrar as chaves de interpretação dos vestígios com que vamos tropeçando. De que falamos? Ecologia, transformações orgânicas, paisagens ameaçadas, saúde mental, identidade, casa, corpo, memória, data/algoritmos, racismo, liberdade, escravidão, medo, infância, relação consciente-inconsciente, sonho, relação espaço-tempo, cidades imaginárias, ritmo e padrão, impressão e reprodução, redes sociais “analógicas” em tempos de socialização virtual como portas para um futuro diferente, estes são alguns dos temas que iremos encontrar ao longo do percurso entre a Linha Norte, o Mercado Municipal de Viana do Castelo, o Centro de Monotorização e Interpretação Ambiental e o Mnemonic Pavillion. Nesta deambulação pela cidade de Viana do Castelo, encontraremos as ilhas e, nelas, o desejo de um mundo melhor, em tempos conturbados, de incessantes ameaças não só à natureza, e aos humanos enquanto parte da natureza, mas também ao pensamento autónomo e à liberdade, fundamentais para qualquer processo criativo. Neste sentido, estas obras apresentam-se como gestos de resistência, alertas para o futuro.

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